POETA ANTÔNIO FRANCISCO TEIXEIRA DE MELO – SÍNTESE BIOGRÁFICA
Antônio Francisco Teixeira de Melo (21/10/1949)
Cordelista norte-rio-grandense nascido aos 21 de outubro de
1949, em Mossoró, Rio Grande do Norte, filho de Francisco Petronilo de Melo e
Pêdra Teixeira de Melo, cresceu no bairro da zona sul, Lagoa do Mato, ao qual
dedicou um poema antológico.
Antônio Francisco, aventureiro e esportista, dedicou-se ao
ciclismo, realizando turismo de bicicleta pela região Nordeste do nosso país
continental, por isso só voltou-se para a literatura popular aos 46 anos, com
sua primeira poesia Meu
Sonho, obra que apresenta traços impressionistas e surrealistas, onde
o autor recorre ao sonho para demonstrar sua inquietação com a interação entre
homem e o meio. Poema composto de 37 estrofes de 6 versos, utilizando a
redondilha maior (heptassílabo) e rimas alternadas (WIKIPÉDIA, 2014).
Como ser múltiplo, exerceu funções como: historiador (Bacharel
em História, pela UERN), xilógrafo, compositor e confeccionador de placas de
carro.
Apesar da carreira literária tardia, é reconhecido publicamente
pela musicalidade de seus poemas, passando a ser alvo de estudo de vários compositores
brasileiros. O reconhecimento da qualidade da sua produção levou-o a ser eleito
para a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) em 15 de maio de
2006, onde ocupa a cadeira de número 15, cujo patrono é o poeta cearense
Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré.
Antônio Francisco passou a ser considerado o “novo Patativa do
Assaré”, não só pela cadeira que passou a ocupar na ABLC, mas principalmente
pela relevância da sua produção literária. Por tal razão, durante as
comemorações do Ano da França no Brasil (2009), a Aliança Francesa de Natal
promoveu um sarau em homenagem a este cordelista potiguar.
Costa (2004), ao verbetar Antônio Francisco no Dicionário de poetas cordelistas do Rio
Grande do Norte, pormenorizou a avaliação das qualidades deste cordelista
ao afirmar que não se discute sua monumental competência poética na nova
geração da Literatura de Cordel potiguar e cita estudiosos e críticos, como
Celso da Silveira, Cid Augusto, Crispiniano Neto, Luiz Antônio, Rubens Coelho,
Clotilde Tavares, Caio César Muniz, Geraldo Maia, Marcos Ferreira e Kyldelmir
Dantas, para fundamentar sua afirmação.
Sua produção poética cordelista foi reunida em duas antologias: Dez Cordéis num Cordel Só,
título que exemplifica sua habilidade em trabalhar com sílabas de uma
redondilha maior, e Por
Motivos de Versos, este último apresenta um nordestino agradecido
pela sua origem, com histórias que remetem à terra natal, onde no poema Um bairro chamado Lagoa do Mato,
ele faz uma narrativa memorialística apresentando as transformações ocorridas:
“Nasci numa casa de frente pra linha,
Num bairro chamado Lagoa do
Mato.
Cresci vendo a garça, a
marreca e o pato,
Brincando por trás da nossa
cozinha.
A tarde chamava o vento que
vinha
Das bandas da praia pra nos
abanar.
Titia gritava: está pronto o
jantar!
O Sol se deitava, a Lua saía,
O trem apitava, a máquina
gemia,
Soltando faísca de fogo no ar.
O galo cantava, peru respondia,
Carão dava um grito quebrando
aruá,
A cobra piava caçando preá,
Cantava em dueto o sapo e a
jia,
Aguapé se deitava e depois se
abria,
Soltava seu cheiro nos braços
do ar
O vento trazia pro nosso pomar,
Vovô se sentava no meio da
gente
Contando história de cabra
valente
Ouvindo lá fora o vento cantar.
Mas hoje nosso bairro está
diferente.
Calou-se o carão que cantava na croa,
A boca do tempo comeu a lagoa
E com ela se foi o sossego da
gente.
O vento que sopra agora é mais
quente
E sem energia não sabe soprar.
A máquina do trem deixou de passar,
Ninguém olha mais pros raios
da Lua
Que vivem perdidos no meio da
rua
Por trás dos neóns sem poder
brilhar.
Perdeu-se traíra debaixo do barro,
O sapo e a jia também foram
embora.
Aguapé criou pé, deu no pé e
agora?
Só rosas de plástico
tristonhas num jarro,
Fumaça de lixo, descarga de carro,
Suor de esgoto pra gente
cheirar,
Telefone gritando pra gente
pagar,
Um louco na rua rasgando uma
moto,
Um besta na porta pedindo o
meu voto
E outro lá fora querendo
comprar.
Um carro de som fanhoso bodeja:
Tem água de coco, tem caldo de
cana,
Cocada de leite, gelé de
banana,
Remédio pra caspa, tem copo,
bandeja.
Uns quatro vizinhos brincando
de igreja
Vão pra calçada depois do
jantar.
O mais exaltado começa a
pregar:
Jesus é fiel, castiga, mas ama!
E eu sem dormir rolando na cama
Pedindo a Jesus pro culto
acabar.
E pegue zoada por trás do quintal:
Salada, paul, pomada, paçoca,
Pamonha, canjica, bejú,
tapioca,
A do Zé tem mais coco, a do
Pepe é legal!
Dez bola, dez bola, só custa
um real!
Mas traga a vasilha pra não
derramar!
Apuveite! Apuveite!
Que vai se acabar!
E alguém grita: gol!
Minha casa estremece
E eu digo baixinho: meu Deus
se eu pudesse
Armar minha rede no fundo do
mar!”
Este e outros poemas de Antônio Francisco compõem o projeto “nas
ondas da leitura” da editora IMEPH (Fortaleza, Ceará), com publicações que
trabalham a identidade, com o intuito de fortalecer, valorizar e valorar a
cultura.
FONTES CONSULTADAS
AMORIM,
M. Antônio Francisco diz ter sido imortalizado mais uma vez. O Mossoroense. [S.l.:
s.n., 20?]. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/omossoroense/280506/conteudo/cotidiano1.htm>.
Acesso em: 04 nov. 2014.
MELO,
A. F. T. Editora
Luzeiro: biografias de poetas. [S.l.: s.n., 20?]. Disponível
em: <http://editoraluzeiro.com.br/
content/1-biografias-de-poetas>. Acesso em: 22 out. 2014.
CATÁLOGO.
[S.l.: s.n., 20?]. Disponível em: <http://
www.imepheditora.com.br/catalogo_busca.php?busca=Antonio+Francisco&button=Buscar+autor>. Acesso
em: 04 nov. 2014.
COSTA,
G. Dicionário de
poetas cordelistas do Rio Grande do Norte: a memória da
literatura de cordel no Rio Grande do Norte. Natal: Queima Bucha, 2004.
DEZ
CORDÉIS num cordel só, de Antônio Francisco Teixeira de Melo. [S.l.: s.n.,
20?]. Disponível em: <http://www.passei
web.com/estudos/livros/dez_cordeis_num_cordel_so>. Acesso
em: 22 out. 2014.
HAURÉLIO,
M. Cordel Atemporal: dicionário
básico de autores de cordel. [S.l.: s.n., 20?]. Disponível em: <http://marcohaurelio.blogspot.com.br/2011/06/dicionario-basico-de-autores-de-cordel.html>.
Acesso em: 22 out. 2014.
MELO,
A. F. T. Um bairro chamado Lagoa do Mato. [S.l.: s.n., 20?]. Disponível em: <http://blogcarlossantos.com.br/um-bairro-chamado-lagoa-do-mato/>. Acesso
em: 04 nov. 2014.
WIKIPÉDIA:
a enciclopédia livre. Meu
sonho. [S.l.: s.n., 20?]. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Meu_
Sonho>. Acesso em: 04 nov. 2014.
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